Antropocénica 3
Portugal e Cabo Verde 2024
Antropocénica
O Teatro do Mundo em Mutação
✴︎
PORTUGAL
————— 25 de Outubro de 2024 —————
Lisboa
Ruínas do Teatro Romano
{ evento aberto ao público }
17:45 - 18:10
TƎRRÆ
Peça Sonocénica de Silvio Luiz Cordeiro
18:10 - 18:18
Performance
Teat(r)o Oficina
Direção de Camila Mota
Poema de Cafira Zoé
Com
Vick Nefertiti
Letícia Coura
Fefê Camilo
TƎRRÆ é uma peça sonocénica composta especialmente para receção do público dentro do Teatro Romano de Lisboa, no evento que concluiu a etapa da Antropocénica 3 em Portugal, dia 25 de outubro de 2024. A peça na íntegra, com 25 minutos de duração, está disponível para audição neste canal. A narrativa sonora em TƎRRÆ mistura música e sonoridades da natureza e seus diversos seres, que co-habitam a Terra junto de humanos com suas máquinas e divide-se em duas partes, a sugerir uma ruptura que distancia modos distintos de existência: a primeira, selvagem, inicia-se com sons e vozes de animais nos lugares em que vivem, numa série de excertos das gravações produzidas em regiões da Amazônia, África e na Ilha de Bornéu pelo investigador em eco-acústica, compositor e artista interdisciplinar David Monacchi, idealizador do projeto Fragments of Extinction, tema do documentário "Dusk Chorus", dirigido por Nika Šaravanja e Alessandro D’Emilia; a segunda, artificial, com uma transição por sons de ventania, fluxos de água, o trovejar da tempestade que se anuncia, é uma composição musical que inclui sonoridades electrónicas e referências simbólicas à transformação humana da Terra em Tecnosfera, mas por fatores que indicam o poderio deste ser ambivalente – criador e destruidor – que se projeta numa existência para fora do próprio planeta: a Era Espacial, compreendida no contexto histórico da chamada Grande Aceleração, é um dos símbolos da potência tecnológica humana. Assim ouve-se o signo sonoro do pulso emitido pelo Sputnik I (o primeiro satélite artificial a orbitar o planeta, lançado pela União Soviética em 1957); a mensagem transmitida por Neil Armstrong*, o primeiro humano na Lua pela Missão Apollo 11 da NASA em 1969; uma frase de saudação em latim** (a língua falada em Felicitas Iulia Olisipo, que reverberou novamente nesse evento nas ruínas do antigo Teatro Romano de Lisboa!) inserida no Golden Record, a bordo de ambos satélites Voyager I e Voyager II, enviados pelos E.U.A. em 1977, que já navegam hoje pelo espaço interestelar...
Tais referências simbolizam os avanços científicos e tecnológicos de uma forma de humanidade – a urbana – com elevado potencial para colonizar outras esferas... São elementos que também remetem a um tempo temerário, de tensão geopolítica entre potências militares e imperialistas, com seus arsenais de armas nucleares... Guerra e civilização: a Terra submetida ao modo de vida urbano, sons de conflitos armados, sobrevôos de caças, tiros de fuzis, explosões, máquinas robotizadas, passos apressados do movimento global na exploração predatória capitalista, regido pelo ritmo maquínico do relógio devorador... Como respirar nessa Terra em Transe?
A peça sonocénica remete ao tema geral da Antropocénica 3 – Terra: Resistência e Reexistência – e se conclui ao sugerir por ventos e ondas que as entidades telúricas continuam a existir, pois há uma anima geo-cosmo-lógica superior a qualquer delírio de poder do ser humano.
* I'm going to step off the LM now. That’s one small step for (a) man, one giant leap for mankind.
Vou sair do Módulo Lunar [LM - Lunar Module] agora. Esse é um pequeno passo para (um) homem, um salto gigante para a humanidade.
** Salvete quicumque estis. Bonam erga vos voluntatem habemus. Et pacem per astra ferimus.
Olá, seja você quem for. Temos boa vontade para com você. E enviamos paz através das estrelas.
A seguir, aceda à gravação de áudio com a segunda parte da peça sonocénica TƎRRÆ seguida pela íntegra da performance do Teat(r)o Oficina nas ruínas do Teatro Romano de Lisboa, dia 25 de outubro de 2024:
Após a audição de TƎRRÆ, seguiu-se a apresentação da performance do Teat(r)o Oficina nas ruínas do Teatro Romano de Lisboa, com projeção de vídeo em cena. Da esquerda para a direita: Vick Nefertiti, Letícia Coura (violão) e Fefê Camilo (percussão). Imagem: Dirk Michael Hennrich.
Vick Nefertiti durante o ensaio nas ruínas do Teatro Romano de Lisboa. Imagem: Dirk Michael Hennrich.
Letícia Coura e Fefê Camilo ensaiam nas ruínas do Teatro Romano de Lisboa. Imagem: Dirk Michael Hennrich.
Camila Mota dirige a encenação nas ruínas do Teatro Romano de Lisboa. Imagem: Silvio Luiz Cordeiro.
Instante do ensaio da performance no sítio arqueológico do antigo teatro, construído no tempo em que Lisboa era uma cidade romana, chamada por Felicitas Iulia Olisipo. Imagem: Silvio Luiz Cordeiro.
Coordenação
Museu de Lisboa . Teatro Romano
Lídia Fernandes
Produção
Museu de Lisboa . Teatro Romano
Antropocénica + Teat(r)o Oficina
Técnico de Som
Hugo Henriques
Gaffer
Sylvia Prado
Apoio Técnico
Carolina Grilo
Patrícia Brum
Gravação e Edição
Nômade
Silvio Luiz Cordeiro
Fotografias
Dirk Michael Hennrich
Silvio Luiz Cordeiro