Antropocénica 3
Portugal e Cabo Verde 2024
Antropocénica 3
Portugal e Cabo Verde 2024
Roda Viva
✴︎
PORTUGAL
————— 24 de Outubro de 2024 —————
Lisboa
Anfiteatro 1
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
{ evento aberto ao público }
16:00 - 19:00
Reunião
Roda Viva*
Ruínas
Seres ameaçados; territórios destruídos; o Antropoceno como época de produção de ruínas
Terra-Teatro
A geo(necro)política contemporânea; guerras e a exploração neocolonial; a Terra reduzida a teatro de operações capitalistas
Muros e Travessias
Os novos nacionalismos e a face dos fascismos
Resistência e Reexistência
Como resistir para (re)existir no mundo em ruínas
Participantes
Inocência Mata (São Tomé e Príncipe), Catarina Martins (Portugal), Marinho Pina (Guiné Bissau),
Filipe Ferreira (Portugal), Camila Mota (Brasil), Cafira Zoé (Brasil), Luanda Francine (Brasil),
Leticia Coura (Brasil), Dirk Michael Hennrich (Alemanha) e Silvio Luiz Cordeiro (Brasil)
Reunimos novamente integrantes da Antropocénica, incluindo nossas convidadas do Teat(r)o Oficina, que vieram para fortalecer essa terceira jornada, numa roda de conversa a que chamamos especialmente Roda Viva, citação poética da criação artística e crítica ao vasto sistema de exploração: em tempos de ascensão de novos fascismos e da luta urgente contra essa onda em sintonia com as múltiplas formas de predação capitalista, o título da reunião acena para dois nomes essenciais da cultura e da própria luta política no Brasil – Chico Buarque, autor da música e peça homónima; e Zé Celso, que a dirigiu em 1968 – e relembra um fato trágico, na segunda temporada da peça naquele mesmo ano, quando uma violenta milícia invadiu a Sala Galpão do Teatro Ruth Escobar em São Paulo, ferindo artistas, destruindo cenário e equipamentos, o que catapultou um movimento em defesa da peça, mas, sobretudo, amplificando o coro contra a censura, o autoritarismo e violência do regime naqueles anos de chumbo. Nomear essa roda de conversa com tal gesto, liga-se também à própria ideia visual exposta no poster da Antropocénica 3, com elementos que podem ser vistos enquanto uma roda-engrenagem do poder, que gira devoradora, hélice maquínica com ânsia capitalista e âmago patriarcal, na progressiva exploração (neo)colonial, que intensificou o extrativismo da Terra e dos seres (humanos e não-humanos) que co-habitam essa Entidade Cósmica, a nossa grande morada coletiva no tempo.
Assim, as pessoas reunidas em 24 de outubro de 2024, no palco do Anfiteatro 1 da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, deram vida à roda, fizeram-na girar, aquecendo-a desde a sugestão de quatro temas iniciais, para fluir uma conversa livre sobre: Ruínas {seres ameaçados; territórios destruídos; o Antropoceno como época de produção de ruínas}; Terra-Teatro {a geo(necro)política contemporânea; guerras e a exploração neocolonial; a Terra reduzida a teatro de operações capitalistas}; Muros e Travessias {os novos nacionalismos e a face dos fascismos}; Resistência e Reexistência {como resistir para (re)existir no mundo em ruínas}, tema este que, ao ser dissecado, expandido e revisado pela roda, ativou variadas reflexões que enveredavam pelos demais.
O evento teve a energia das viagens anteriores da Antropocénica, com poesia e música junto do fluxo plural de pensamentos críticos e criativos das pessoas que entraram na roda. A gravação em áudio binaural, disponível a seguir, capturou a dimensão espacial do lugar, por isso escute utilizando fones de ouvido!
A trupe da Antropocênica entrecruzou com as Transfluências Transatlânticas do time do Teat(r)o Oficina convidado a participar neste terceiro encontro da série, elevando-se a potência da arte como caminho essencial na construção coletiva de conhecimentos para pensar “as cenas do drama humano no teatro do mundo em mutação”. Evoé!
Início da reunião Roda Viva da Antropocénica 3, no palco do Anfiteatro 1 da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Da esquerda para a direita: Inocência Mata, Catarina Martins, Marinho Pina, Filipe Ferreira, Camila Mota, Cafira Zoé, Luanda Francine, Letícia Coura e Dirk Michael Hennrich. Imagem: Silvio Luiz Cordeiro.
Produção
Dirk Michael Hennrich
Silvio Luiz Cordeiro
Gravação Binaural e Edição
Nômade
Silvio Luiz Cordeiro
Imagens
Dirk Michael Hennrich
Silvio Luiz Cordeiro