Assim, vistos em conjunto, os sítios seleccionados compreendem as diversas transformações no ambiente pela construção de paisagens culturais no tempo. Se os vestígios mais antigos, como aquelas evidências pretéritas em ruínas da Antiguidade, não são suficientes para cumprir exigências da comunidade científica enquanto marcadores geológicos para se definir o inicio do Antropoceno, todavia elas importam como referencial para desdobramentos históricos futuros, posto que nelas podemos reconhecer muitos dos elementos que, séculos depois, entrariam novamente em cena, por exemplo: as navegações entre oceanos, a expansão urbana e comercial, a escravatura.
Tais evidências de cenários passados, onde se localizaram atividades relacionadas com o domínio territorial e humano no contexto da colonização romana da Península Ibérica, por exemplo, estão nas ruínas como a antiga villa romana de São Cucufate, em Vila de Frades, Vidigueira, Portugal: antes de ser adapatada ao uso religioso na Idade Média, quando o lugar já estava em ruínas, a propriedade de romanos abastados foi explorada por séculos, com mão de obra escrava no território alentejano. Passado o tempo, encontramos, por exemplo, os mesmos elementos de processos coloniais novamente em cena, como testemunham as ruínas da Cidade da Ribeira Grande (Cidade Velha) em Cabo Verde; os remanescentes arquitectónicos do Engenho de Erasmus Schetz em Santos, Brasil; as evidências vestigiais da antiga cultura Tapajó, subjugada no período colonial do Brasil e que jaz sob a cidade amazónica de Santarém, no estado brasileiro do Pará, assim como da cultura indígena que habitou o sítio a partir do qual se expandiu a maior cidade da Amazónia brasileira, Manaus.