Episódio 4

Antropocénica

Silvio Luiz Cordeiro e Dirk Michael Hennrich falam sobre a série internacional Antropocénica — coordenada por ambos e a arqueóloga Maria da Conceição Lopes — em conversa gravada no dia 27 de Setembro de 2022 nas Ruínas da Villa Romana de São Cucufate.

Na imagem à esquerda, Nelson Roque próximo da entrada da Capela de São Cucufate, no interior das ruínas da antiga villa romana, acompanha a preparação do set de gravação por Silvio Luiz Cordeiro; Dirk Michael Hennrich ajusta a iluminação cénica: a metáfora das três esferas — Arqueologia, Filosofia e Arquitectura — que animam a série Antropocénica. Imagens: Dirk Michael Hennrich / Silvio Luiz Cordeiro.

Consideram a importância de reflectirmos sobre o Humano e a sua presença na Terra, a provocar uma época de profundas transformações que impactam, sob formas predatórias de exploração económica, a própria biosfera. Entre os fatores que observam, ambos reiteram as três palavras-conceitos, temas essenciais ao diálogo e debate na série Antropocénica: a ruína, a colonização e a escravatura. Para eles, o Antropoceno pode ser considerado como uma época de produção de ruínas e violências conexas, em vários níveis, sobretudo sob o Capitalismo, assim como no passado, quando civilizações expandiram processos de colonização, ao ampliar domínios sobre terras e gentes.

A chuva cai sobre a terra e as estruturas arquitectónicas remanescentes da antiga villa romana, adaptadas na Idade Média ao uso religioso de um mosteiro, por exemplo da capela dedicada a São Cucufate. Situado em Vila de Frades, Vidigueira, é um dos mais significativos sítios arqueológicos relacionados com a colonização romana no Alentejo. Esta região, assim como outras em Portugal, enfrenta os impactos de estios prolongados em tempos de mudança climática. Imagem: Silvio Luiz Cordeiro.