Episódio 2
Iracema, Transamazónica, Mercúrio
Jorge Bodanzky, um dos expoentes do Cinema Brasileiro, reconhecido e premiado internacionalmente, autor de filmes que serão exibidos no evento artístico-cultural TransAmazónias: Zonas Imaginárias do primeiro encontro da série Antropocénica em Évora no mês de Outubro de 2022, conta-nos de sua longa trajetória como fotógrafo, cineasta e documentarista, especialmente na Amazónia, em entrevista a Silvio Luiz Cordeiro, gravada no Theatro Municipal de São Paulo, especificamente na Cúpula, a grande sala de ensaios do teatro, no dia 02 de Março de 2022, quarta de cinzas.
Entre as obras comentadas por seu autor está "Iracema - uma Transa Amazônica": co-dirigido com Orlando Senna, filme icônico na cinematografia brasileira, exemplar na linguagem, foi realizado no início dos anos 1970 em plena ditadura militar no país; passado o tempo, permanece ainda atualíssimo, desvelando na potente narrativa, a degradação ambiental e humana pela exploração econômica predatória da maior floresta tropical do mundo. Bodanzky também comenta as recentes produções que dirigiu, como a série televisiva "Transamazônica: uma Estrada para o Passado" (junto com Fabiano Maciel) e seu novo documentário "Amazônia: a Nova Minamata?", com estréia prevista para 2022.
O lugar da entrevista foi especialmente considerado, por dois motivos: o sentido simbólico, relacionado com o próprio nome da série Antropocénica; e a iniciativa cultural que, em 1922, inscrevia-se na história das artes no Brasil, a Semana de Arte Moderna.
Instantes da gravação do relato de Jorge Bodanzky na Cúpula do Theatro Municipal de São Paulo, em 02 de Março de 2022. Imagem: S.L.C. / E.M.
100 anos depois, a comemoração da efeméride do evento realizado neste que é um dos principais espaços culturais da metrópole paulistana, reafirma a sua importância, sobretudo pelas ressonâncias que alcançam o presente, por impulso do espírito de ruptura que, naquele tempo, e motivado pelas vanguardas artísticas, abandonaria as determinações formais e conservadoras das academias de belas artes que se impunham como norma desde o século XIX.
Em 1980, durante as viagens de produção de "Terceiro Milênio", Jorge Bodanzky filma em aldeia da etnia Maiuruna, na margem do rio Javari, fronteira entre Perú e Brasil. Imagem: Acervo Jorge Bodanzky.
De certo modo, a obra de Jorge Bodanzky filia-se aos rumos da verve transgressora vista naquela semana — 13 a 17 de Fevereiro de 1922 — dentro desse teatro inaugurado em 1911, quando Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Heitor Villa-Lobos, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Victor Brecheret, entre outros, propiciaram um novo impulso ao Modernismo que se difunde no Brasil.
À esquerda, detalhe do frontíspicio do Theatro Municipal de São Paulo, visto em sua totalidade na imagem ao lado acima, construído em arquitetura eclética, típica da paisagem urbana de São Paulo da época. Vê-se na fachada a instalação Recostura, de Chris Tigra. Abaixo, a escultura em mármore "Poesia", parte do Monumento a Carlos Gomes, do escultor italiano Luigi Brizzolara, próxima da lateral do teatro, em frente ao Vale do Anhangabaú. Imagens: S.L.C.
Ao Theatro Municipal de São Paulo, palco internacional, que recebeu Anna Pavlova, Arthur Rubinstein, Arturo Toscanini, Bidu Sayão, Camargo Guarnieri, Claudio Arrau, Duke Ellington, Ella Fitzgerald, Enrico Caruso, Guiomar Novaes, Isadora Duncan, João Gilberto, Magdalena Tagliaferro, Maria Callas, Mikhail Baryshnikov, Miles Davis, Pina Bausch, Ravi Shankar, Rudolf Nureyev, Sarah Vaughan, Vaslav Nijinski, Vivien Leigh, entre tantas outras personagens, expoentes das artes no mundo, o nosso agradecimento pelo apoio.
Com
Jorge Bodanzky
Entrevistador
Silvio Luiz Cordeiro
Produção e Edição
Nômade
Silvio Luiz Cordeiro
Agradecimentos
Andrea Caruso Saturnino - Diretora Geral TMSP
Valéria Kurji - Secretária Executiva TMSP
Elisabete Machado - Coordenadora de Comunicação TMSP
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