Antropocénica 3
Portugal e Cabo Verde 2024
Em seu terceiro encontro, a série reúne em 2024 participantes de dez nacionalidades (Alemanha, Angola, Brasil, Cabo Verde, Espanha, Estados Unidos da América, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe). Ao concluir uma jornada coletiva de três anos, a série Antropocénica se fortalece como lugar de encontro crítico e criativo, como estratégia de resistir, como proposição para reexistir em paisagens profundamente transformadas pelo capitalismo na época de produção de ruínas no mundo em que habitamos.
Acesse a esfera abaixo:
COMUNICADO
Na linha da Carta Aberta que elaboramos em 2023, durante o segundo encontro da série trienal, realizado em Santarém do Pará, Brasil, a Antropocênica vem a público se manifestar em solidariedade ao conteúdo proferido pelo Presidente da Colômbia, o Sr. Gustavo Petro, dia 24 de Setembro de 2024 na 79ª Assembléia Geral da ONU, e convidar as pessoas para que conheçam, assinem e partilhem a nossa Carta Aberta, se assim desejarem. Trata-se de um gesto político apartidário para somar forças nesse momento histórico crucial que exige transformações estruturais no sentido da vida na Terra.
Antropocênica
Situada no encontro e interação entre as esferas da Filosofia, Arqueologia e Arquitetura, a série internacional Antropocênica se constitui pelo exercício transdisciplinar, em duas edições já realizadas (Portugal em 2022 e no Brasil em 2023), para refletir sobre e para além do chamado Antropoceno, época das transformações provocadas no planeta por impactos da atuação humana, mas aqui considerada desde um passado remoto ao presente, sob o Capitalismo, em que predomina o modo de vida urbano e reverberam múltiplas formas de violência inerentes ao sistema. Antropocênica não é sinônimo de Antropoceno: a perspectiva da série é mais ampla ao abranger a humanidade na história, mas relevando-se os impactos da colonização e do capital nas dinâmicas engendradas no mundo contemporâneo.
Para além do palimpsesto, sugerido pela imagem expressiva dos vestígios físicos contrastantes que restam de outras temporalidades nos lugares habitados, propomos aqui a metáfora da paisagem como teatro, na dimensão sugestiva da paisagem enquanto cena ou expressão cênica — palco-arena-lugar — transformada no tempo, ambiente em que as sociedades agem, atuam, habitam.
Idealizada pelo filósofo Dirk Michael Hennrich e pelo arquiteto e arqueólogo Silvio Luiz Cordeiro, a Antropocênica nasceu primeiramente em 2018 como projeto de ensaio audiovisual que, no mesmo ano, desdobra-se em iniciativa maior: produzir uma série internacional aberta aos estudos, reflexões e debates críticos sobre as "cenas do drama humano no teatro do mundo em mutação", reunindo pessoas em áreas diversas do conhecimento. Em 2019, o escritor e filósofo indígena Ailton Krenak é convidado para participar da série. No ano seguinte, a arqueóloga Maria da Conceição Lopes passa a integrar a coordenação geral com ambos idealizadores, visando a produção de três encontros previstos.
Antropocênica abriga, desde sua origem em 2018, a transversalidade na interconexão de áreas que abrangem da filosofia às artes, do urbanismo à arqueologia, da história à antropologia, da geografia à geologia, entre outras disciplinas afins.
Como cenário de fundo, a curadoria propõe a perspectiva da experiência histórica da colonização empreendida pelos ibéricos a partir do século XV, mas com ênfase na expansão marítima portuguesa, compreendida como processo transformador-construtor de sociedades e paisagens culturais diversas, ao configurar um império de novo tipo, isto é, formado por territórios não-contíguos, interconectados por vias marítimas. Deste modo, evidenciamos lugares intensamente explorados no passado, lugares dominados por colonos e mercadores, sob a chancela de Portugal. Tal perspectiva contribui para se reconhecer a complexa trama de relações de dominação e intercâmbios havidos, que está na origem de problemas estruturais vivenciados no presente por sociedades do chamado Sul Global.
A série assim releva a complexidade de interações entre múltiplos agentes e fatores envolvidos na violenta exploração de seres (humanos e não-humanos) e ambientes, abrindo espaço às formas contemporâneas de pensamento, representação e elaboração de narrativas críticas ao Capitalismo; e de expressão artística, filosófica e científica, incluindo aquelas produzidas por etnias historicamente subjugadas na expansão capitalista e do modo de vida urbano no planeta.
Em 2024, a Antropocênica acontecerá novamente em Portugal, depois em Cabo Verde, quando concluiremos o terceiro encontro da série em sua jornada coletiva de três anos.
O programa completo será divulgado em breve, acompanhe a Antropocênica no Facebook e Instagram.
Informe-se sobre o contexto geral da série Antropocênica na esfera abaixo:
Cartaz do primeiro encontro da série em Portugal. A imagem de fundo, cedida pelo fotojornalista Lalo de Almeida, convidado especial da série, mostra um instante da Aldeia Yawalapiti (Parque Indígena do Xingu, Brasil) fotografada em 2016 durante as queimadas no entorno que encobriram o céu.
O primeiro encontro da série foi realizado em Portugal no início de outubro de 2022, em três cidades — Lisboa, Évora e Vidigueira — com a presença de conferencistas convidados, integrantes da Comissão Científica especialmente constituída, além de apresentações a partir de seleção de propostas de comunicação inscritas. O encontro incluiu a mostra TransAmazônias: Zonas Imaginárias.
Consulte a programação completa de Antropocênica 1 e a publicação de todo o conteúdo na Revista DigitAR nº 9, do CEAACP da Universidade de Coimbra.
Veja no vídeo a seguir, a mensagem especial de Ailton Krenak, que abriu a série internacional de estudos transdisciplinares Antropocênica, no dia 6 de outubro de 2022 na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, Portugal: